O menino que gostava de aventuras; aventuras dentro da possibilidade física
da realidade que eram elevadas ao limite da capacidade da imaginação do menino.
O menino que gostava de aventuras subia às árvores e aos telhados como se
fossem montanhas ou prédios arranha-céus, tal como os seus heróis da televisão.
O menino que gostava de aventuras subia a grande amoreira, como se chegasse ao
topo do mundo; um local inexplorado, nunca antes visto ou pisado.
O menino que gostava de aventuras, na sua imaginação, no seu mundo de
menino, criança corajosa e aventureira não tinha medo, não sabia de males nem
de perigos; caçava como se fosse um caçador de arco e flecha, caçando dragões,
leões ou outros animais perigosos; venceu criaturas aladas, selvagens, como o
borracho, o ainda jovem pombo vencido pela sua arma, o borracho que ainda não
sabia voar morto pelas pedras lançadas da atiradeira feita pelo seu avô. Um
borracho, um jovem pombo que foi morto pela inocência do menino, o menino que
se sentiu forte, corajoso como um grande homem por ter conseguido vencer tal
criatura alada, o borracho, o jovem pombo que nunca voou.
O menino que gostava de aventuras em certa aventura de verão subiu ao
telhado do velho barracão da palha, forte e corajoso como a sua inocência lhe
permitia - Cuidado com as abelhas- uma voz sabia lhe disse, o avisou; o menino,
corajoso e imune a qualquer perigo, valente e orgulhoso exclamou - Não te
preocupes, aqui não há nada!- e continuou.
O menino que gostava de aventuras, que explorava em cima do telhado do velho
barracão da palha ficou imóvel, parado olhou para baixo em direcção da voz sábia,
recuou e voltou para trás em direcção à grande amoreira usando-a para descer,
como antes tinha feito o percurso inverso no inicio da sua aventura, já no chão
aproximou-se da voz sábia que antes o tinha avisado e disse- Avó, tinhas toda a
razão, há abelhas...-
O menino naquele momento deixou de gostar
aventuras e então chorou..
E chorou..
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