sábado, 23 de fevereiro de 2013

O menino que gostava de aventuras.


O menino que gostava de aventuras; aventuras dentro da possibilidade física da realidade que eram elevadas ao limite da capacidade da imaginação do menino. O menino que gostava de aventuras subia às árvores e aos telhados como se fossem montanhas ou prédios arranha-céus, tal como os seus heróis da televisão. O menino que gostava de aventuras subia a grande amoreira, como se chegasse ao topo do mundo; um local inexplorado, nunca antes visto ou pisado.
O menino que gostava de aventuras, na sua imaginação, no seu mundo de menino, criança corajosa e aventureira não tinha medo, não sabia de males nem de perigos; caçava como se fosse um caçador de arco e flecha, caçando dragões, leões ou outros animais perigosos; venceu criaturas aladas, selvagens, como o borracho, o ainda jovem pombo vencido pela sua arma, o borracho que ainda não sabia voar morto pelas pedras lançadas da atiradeira feita pelo seu avô. Um borracho, um jovem pombo que foi morto pela inocência do menino, o menino que se sentiu forte, corajoso como um grande homem por ter conseguido vencer tal criatura alada, o borracho, o jovem pombo que nunca voou.
O menino que gostava de aventuras em certa aventura de verão subiu ao telhado do velho barracão da palha, forte e corajoso como a sua inocência lhe permitia - Cuidado com as abelhas- uma voz sabia lhe disse, o avisou; o menino, corajoso e imune a qualquer perigo, valente e orgulhoso exclamou - Não te preocupes, aqui não há nada!- e continuou.
O menino que gostava de aventuras, que explorava em cima do telhado do velho barracão da palha ficou imóvel, parado olhou para baixo em direcção da voz sábia, recuou e voltou para trás em direcção à grande amoreira usando-a para descer, como antes tinha feito o percurso inverso no inicio da sua aventura, já no chão aproximou-se da voz sábia que antes o tinha avisado e disse- Avó, tinhas toda a razão, há abelhas...-
O menino naquele momento deixou de gostar aventuras e então chorou..                         
E chorou..

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