sábado, 13 de abril de 2013

Reflexo

Conheço-te? Não. Conheces-me? Talvez? Então porque não paras de me olhar? Interessas-me. Só por isso? Sim, não achas suficiente? Não! Admito, curiosidade também. Curiosidade? Sim, intrigas-me! Mas, não me conheces, como te posso provocar tal coisa? Por isso mesmo, és diferente, sem semelhanças; quando te observo a minha imaginação perde-se em especulações, de como és, porque assim te apresentas, o que escondes; porque não brilham os teus olhos. Os meus olhos não brilham? Não! Como sabes, podem não brilhar junto de ti, ou para ti. Menti, faz tempo que te conheço! Conheces?! Desde cedo, do tempo em que os teus olhos brilhavam, quando acreditavas e sonhavas. Estás a inventar, de mim nada sabes, isso que contas ainda o faço. Não, não fazes, já não; tornaste-te em algo que abominavas, do que és hoje fazias piadas; as tuas convicções e acções cheias de ambição faziam prever um futuro bastante diferente desta tua realidade. Dizes-me tais coisas como se me tivesse perdido; como se esquecesse quem fui, de onde vim e em que acreditava, que sou outra pessoa; apenas tracei outros caminhos, objectivos! Mas tu perdeste-te; és uma amostra do que querias ser, hoje utilizas desculpas e foges com justificações, antes destacavas-te pelos actos e soluções, a tua espontaneidade, pelo que dizias, quando querias e como querias, não deixavas que te passassem à frente, não permitias que te subjugassem; tinhas fogo em ti; os teus olhos brilhavam, como nunca mais o fizeram. Como podes dizer isso de mim, nem te conheço, não vou tolerar tal afronta! Também já não te conheço, e de mim, nenhuma memória guardaste, tudo apagaste, esqueceste-te; desses tempos já não me reconheces, fugiste. Mas quem és tu? Eu, sou tu, ou melhor, era.

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