Afundo-me neste abismo, sou engolido pelos sentimentos de
que faço conta não conhecer, não ligar.
Este abismo, escuro abismo que ao qual de uma forma
voluntária me entreguei, cega-me com uma luz que não me deixa mais ver além e
dele sair, fugir.
Sei que ela está lá, a escada que me leva, que me eleva de
volta a mim, àquilo que fui e que hoje esqueço. Que quero esquecer. A razão sem
verdade fez-me esquecer o caminho, e quando perdido e desorientado mais nele me
afundo, no abismo.
A escada, algures dentro do que eu sou hoje, sei onde está e
como até ela chegar, e voltar, recuperar. Mas a procura cansa-me, fujo dela. Fujo
do primeiro degrau que sei ser o mais fácil de alcançar, mas evito o risco,
tenho medo.
Acomodo-me. Não vale a pena, o sentimento de luta há muito
em mim se extinguiu.
Desisto de ti, desisti de mim.
Afundo-me.
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